O IDEAL


O Instituto Central de Artes fazia parte do curso-tronco de Arquitetura e Urbanismo, criado em abril de 1962 por Alcides da Rocha Miranda.


El
e veio para Brasília a serviço do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), atraído pelas possibilidades que a nova capital poderia oferecer sob a batuta de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer. 

 

No Plano Orientador da UnB, publicado em 1962, o Instituto Central de Artes foi projetado com a “função fundamental de dar a toda a comunidade de Brasília oportunidade de experiência e de apreciação artística. Assim, espera a Universidade tornar-se capaz de despertar vocações e incentivar a criatividade e, sobretudo, formar platéias esclarecidas, que se façam efetivamente herdeiras do patrimônio artístico da humanidade.

 

O investimento principal da Universidade de Brasília nesse campo será na formação artesanal e no apuramento do gosto dos estudantes de arquitetura, de desenho industrial, da arte do livro, das artes gráficas e plásticas, na formação dos especialistas no uso dos meios audiovisuais de difusão cultural e de educação”.

 

A partir do golpe militar de 31 de março de 1964, a Universidade de Brasília passa a ser tratada pelo novo governo como foco de subversão, o que acabou provocando a invasão do campus por tropas da Polícia Militar de Minas Gerais no dia nove de abril. No dia 13 do mesmo mês, por meio de decreto presidencial, foram extintos os mandatos dos membros do Conselho Diretor da FUB, inclusive o do reitor Anísio Teixeira.


 

O GOLPE

 

A crise na UnB chegou ao seu ponto de maior desgaste quando, no dia 18 de outubro, 15 professores considerados subversivos foram arbitrariamente demitidos. Considerando que a UnB não mais oferecia as condições mínimas de tranqüilidade para o ensino, pesquisa ou qualquer outro trabalho intelectual, mais de 200 professores pediram demissão, entre eles o então coordenador do ICA, o professor Alcides Áquila da Rocha Miranda, e os trinta e cinco professores relacionados: Alfredo Ceschiatti, Ana Mae Tavares Bastos Barbosa, Athos Bulcão, Carlos Jorge Guidacci da Silveira, Carlos Reininger de Azevedo Moura, Cláudio Santoro, Elvin Donald Mackay Dubugras, Fernando Souza Santos, Francisco de Assis Amaral de Resende, Gelsa Ribeiro da Costa, Glênio Bianchetti, Hugo Mund Júnior, Jean-Claude René George Bernardet, Jesuíno Leite Ribeiro, Joaquim Tomaz Jayme, José Eduardo Maia de Mendonça, José Sebastião Rios de Moura, Lena Coelho Santos, Leo Barcellos Dexheimer, Levy Damiano Cozzella, Luiz Humberto Miranda Martins Pereira, Maciej Anton Babinski, Lucilla Ribeiro Bernardet, Maria Amália Martins Del Picchia, Maria Amélia Martins Cozzella, Marília Rodrigues Pintos da Silva, Max Trifler, Moacir Del Picchia, Nelson Pereira dos Santos, Paulo Emílio Salles Gomes, Paulo Ferreira Martins, Régis Duprat, Rogério Duprat, Suzy Piedade Chagas Botelho e Sylvio Augusto Crespo Filho.

  

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Foto: Ditadura Militar repreende manifestantes         

(Autor desconhecido)  


 

De acordo com mais um depoimento do professor Conrado Jorge Silvas Marco, as aulas eram freqüentemente vigiadas por espiões infiltrados, disfarçados de estudantes, e o relacionamento entre professores de diferentes tendências era difícil e conflituoso. A partir de 1971 houve uma "diáspora". Por razões que podemos intuir, a Administração Central desmembra o ICA-FAU, tomando as seguintes medidas: deslocar o Departamento de Música com o nome de Departamento de Arte para o recém criado Instituto de Comunicação e Expressão; fechar o curso de cinema, demitindo alguns professores da área, e enviando os alunos com bolsas especiais para Niterói (Tizuka Yamazaki foi uma dessas alunas); criar o Instituto de Arquitetura e Urbanismo (note-se a significativa eliminação da palavra Arte); o Departamento de Artes Visuais e Cinema passa a denominar-se Departamento de Desenho (DES), que existiu com esse nome até 1988, quando a Resolução do Conselho Universitário nº 017/88 criou oficial e definitivamente o Instituto de Artes - IdA, que retomou a autonomia perdida nos anos duros da ditadura.

 

O ensino de arte na UnB assumiu sempre uma atitude independente e inovadora, tanto por parte dos professores quanto por parte dos estudantes e talvez por essa razão tenha sofrido tantas interferências durante sua história. Nesse contexto, se reerguendo da cinzas da ditadura, buscando sua identidade, a comunidade artística decidiu pela criação do Instituto de Artes em 1989, que passou a compreender o departamento de Artes Visuais, Artes Cênicas e Música. Para a professora Grace Maria Machado de Freitas, última chefe do departamento de DES e primeira diretora do IdA, se o ICA traduziu as questões da arte brasileira em Brasília, capital interiorizada, capital síntese, síntese-das-artes, e procurou criar respostas às demandas da formação profissional, o IdA representou a instauração de um novo ciclo e a reconstrução do campo da arte não apenas nos limites do campus universitário, mas na cidade como um todo. A anistia dos professores cassados, a resistência de alguns remanescentes, o entusiasmo dos novos professores permitiram o restabelecimento dos princípios da produção consistente da linguagem, do conceito, da história e da técnica da arte.


 

TEMPOS PRESENTES

 

A História do Departamento de Artes Visuais está inteiramente relacionada ao do Instituo de Artes e a crescente demanda de alunos tornou flagrante a precariedade dos espaços existentes nos dois prédios SGs ocupados pelos departamentos. Ainda nessa gestão, os professores Tania Fraga, do Departamento de Artes Visuais, e Cláudio Queiroz, da Faculdade de Arquitetura, começaram a projetar o novo prédio do IdA. Em 1999, professora Grace Maria Machado de Freitas é novamente eleita e dá continuidade, em conjunto com a Finatec e a UnB, na captação de recursos para a construção do Complexo das Artes. Constuída a primeira parte, do projeto o espaço foi ocupado pelo departamento de Artes Cênicas e pela Galeria de arte do departamento de Artes Visuais (Espaço Piloto).

 

Como instituição que tem por pilar a formação de agentes transformadores da sociedade, função imanente da arte, o IdA não poderia ficar ao largo das novas demandas estéticas da contemporaneidade. Assim, um grupo interdisciplinar de professores começou a pensar sobre a possibilidade de criação de um curso de Mestrado em Arte, projeto coordenado pela professora Suzete Venturelli, que resultou em sua aprovação na 233a. Reunião do Conselho Universitário da UnB, em 25/10/93, e cujas atividades tiveram início em março de 1994, com três linhas de pesquisas: Construção e Animação de Imagens Bi e Tridimensionais; Hipertexto, Multimídia e Realidade Virtual e Luz, Geometria e Som.     

 

Para a professora Suzete Venturelli, a cada gestão, não apenas do Instituto mas da Universidade como um todo, há um avanço na valorização do conhecimento intelectual e cultural. Como instituição que tem por pilar a formação de agentes transformadores da sociedade, função imanente da arte, o IdA não poderia ficar ao largo das novas demandas estéticas da contemporaneidade.

 

Destacam-se, ainda, a criação de novos cursos, tais como do curso de Desenho Industrial, do Mestrado em Música e o curso de especialização Arteduca pela linha de pesquisa arte e tecnolgogia da PPG-Arte.

 

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Foto: Estudantes no parque Campus Darcy Ribeiro   

           (Autor: Secom)


 

Texto: Anônimo

Pode-se utilizar o texto desde que citadas as fontes

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