ciclo joao pedro cachopo


 

17 de Maio (19h-22h): Atracções Electivas: Da ópera ao cinema e do cinema à ópera

Nesta palestra, João Pedro Cachopo passará em revista a história do encontro da ópera com o cinema desde o início do século XX até à actualidade. Serão focados dois momentos. No primeiro, que marcou de forma hegemónica todo o século XX, está em jogo a passagem do palco ao ecrã, patente em adaptações cinematográficas de óperas, no uso de música operática em bandas-sonoras de filmes ou na transmissão ao vivo de teatros de ópera para salas de cinema. No segundo, que despontou sobretudo no século XXI, está em jogo a passagem do ecrã ao palco, que se realiza num conjunto de novas óperas baseadas em filmes pré-existentes, como são as óperas contemporâneas Lost Highway (2003) de Olga Neuwirth, baseada em David Lynch, ou The Exterminating Angel (2016) de Thomas Adès, baseada em Buñuel.


 

18 de Maio (19h-22h): Genealogias do Futuro Operático

Se é óbvio que pandemia gerou uma crise nas artes performativas (devido ao encerramento generalizado de espaços culturais), também é evidente que as circunstâncias adversas obrigaram artistas, intérpretes, criadores, encenadores e programadores a encontrarem soluções alternativas. Com base na apresentação de alguns espectáculos de 2020, como a produção wagneriana Twilight: Gods de Yuval Sharon ou o espectáculo Seven Deaths of Maria Callas de Marina Abramovic, a hipótese avançada por João Pedro Cachopo é a de que a pandemia acelerou mutações em curso no domínio do espectáculo músico-teatral em geral e da ópera em particular. Estas mutações, contudo, longe de dizerem apenas respeito às formas de acesso, jogam-se na própria medialidade do género, na compreensão da qual o palco e o ecrã têm doravante estatutos semelhantes.


 

19 de Maio (17h-19h): Para além da Pandemia: Amor, Viagem, Estudo, Comunidade e Arte (Palestra seguida de conversa com Marcus Mota e Miguel Galli)

Tomando como ponto de partida a apresentação do seu recente livro A Torção dos Sentidos: Pandemia e Remediação Digital (Elefante, 2021), João Pedro Cachopo discutirá as transformações sociais, culturais e tecnológicas que a pandemia precipitou, assim como o que podemos esperar do futuro. A hipótese em discussão é a de que o choque pandémico permitiu reconhecer um acontecimento mais vasto do que a própria pandemia: o impacto da revolução digital sobre as condições da vida contemporânea às escalas local e global. Estas transformações, alterando radicalmente o modo como nos imaginamos próximos ou distantes de tudo o que nos rodeia, manifestam-se em domínios muito distintos como são o amor, a viagem, o estudo, a comunidade e a arte. Como estas esferas se relacionam e como podem iluminar-se mutuamente será o mote do debate.


 

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João Pedro Cachopo é musicólogo e filósofo. Leciona na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, onde integra o Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical. Seus interesses incluem sobre a relação entre estética, política e tecnologia, o diálogo entre as artes e questões de crítica, dramaturgia e intermedialidade. É o autor de A Torção dos Sentidos: Pandemia e Remediação Digital (Documenta, 2020; Elefante, 2021) e de Verdade e enigma: ensaio sobre o pensamento estético de Adorno (Vendaval, 2013), obra que recebeu o Prémio Primeira Obra do PEN Clube Português em 2014. Coeditou Rancière and Music (Edinburgh University Press, 2020), Estética e política entre as artes (Edições 70, 2017) e Pensamento crítico contemporâneo (Edições 70, 2014).